26.4.13

Pra você. Sem você.

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E da mente vai esvaindo qualquer forma de lembrança de você. Lembranças daqueles dias que a gente sentava para beber, ora os prazeres de um bar simples da Zona Sul, ora um drink sofisticado dos Jardins e deixava o rosto dolorido de tantas risadas e a mente renovada depois de tantas conversas. Nunca menti e a sinceridade sempre foi um defeito nesse caso. Me joguei, nadei de braçadas numa piscina de cacos de vidro.

Mas tudo esvai. Não tenho mais uma memória clara de você como tinha até certo tempo atrás. Vejo seu sorriso por fotos mas já não me lembro do som da sua risada. Leio suas coisas banais mas já não lembro dos tons da sua voz quando você me fazia rir com alguma besteira ou quando pedia um abraço e deixava escorrer uma lágrima no meu ombro sem nenhuma razão aparente. Reconheço seu corpo desnudo nas imagens mas minha mão já não lembra mais o toque suave da sua naqueles momentos que você estava do outro lado da mesa e nos tocávamos. 

Eu na ânsia de ir mais longe, você na paúra de ir adiante.

-       Não quero que você me machuque – dizia você enquanto olhava para o copo.

E nesse medo quase irracional, quase bem articulado, você nunca entendeu que toda a minha intenção era justamente te machucar da melhor maneira possível. No limiar tênue entre uma bela surra e o êxtase do prazer. Queria te machucar quando mordesse seu ombro e subisse beijando-lhe o pescoço como um pedido de desculpas que faria seu corpo todo tremer. Queria arder-lhe a anca com um tapa enquanto acariciava a parte de trás da sua cabeça segurando seus cabelos com uma pressão dominante. Queria, talvez, até sangrar-lhe levemente o lábio enquanto você me sangrava as costas com suas unhas perfeitamente feitas para aquele momento.

Queria machucar sua mente, quando lhe agarrasse por trás, apertasse seus seios e sussurrasse no seu ouvido:

“Vou te foder hoje como você deve ser fodida.”

E ali, naquele momento, sua cabeça não saberia como reagir mas o que encontra-se no meio das suas pernas já teria a resposta na ponta da minha língua. E quando tudo acabasse e você entrasse no carro como mulher direita e independente que  você é, passaria a noite em claro por que partes do seu corpo não conseguiriam dormir talvez nunca mais. Mas você abraçaria o travesseiro, abriria um sorriso e dormiria com o medo de que talvez agora, talvez nesse momento que eu já lhe possuí por inteira e já conheço cada pedaço de você, por dentro e por fora, talvez agora eu parasse de lhe gostar e lhe machucasse. Não lhe retribuísse aquilo que talvez – por que nem você saberia – você quisesse me dar.

Mas no dia seguinte nos veríamos e você teria a certeza de que tudo o que a gente teria seria a diversão, o tesão, o prazer e os copos de cervejas combinados com risadas quase loucas.

Mas já não lembro mais de você e enquanto acabo essas linhas sobra apenas um vazio dentro de mim. Sobra em mim apenas a sua ausência que deixa esse buraco ausente de qualquer sensação palpável de você. Enquanto deixo esse último registro de tudo o que poderíamos ter vivido mas você deixou passar por medo do amor, amor que talvez nunca viéssemos a ter, não consigo nem mentalizar os prazeres que teria com você. Escrevo para você, mas sem você. Escrevo com uma modelo mental criada com recortes de fotografias sem valor nenhum que você tira na frente do espelho urrando por elogios.

Repito.

Jamais menti para ti e jamais mentirei. 
Até mesmo quando perguntar o que eu sinto por você, num futuro não muito distante, serei compelido a dizer “nada”.

Mas deixando a certeza que poderia ser muita coisa.

2 comentários:

"alice" vc sabe quem disse...

outa merda, luan. pirei rs

"alice" vc sabe quem disse...

Puta merda, luan. pirei aqui rs