E da mente
vai esvaindo qualquer forma de lembrança de você. Lembranças daqueles dias que a
gente sentava para beber, ora os prazeres de um bar simples da Zona Sul, ora um
drink sofisticado dos Jardins e deixava o rosto dolorido de tantas risadas e a
mente renovada depois de tantas conversas. Nunca menti e a sinceridade sempre
foi um defeito nesse caso. Me joguei, nadei de braçadas numa piscina de cacos
de vidro.
Mas tudo
esvai. Não tenho mais uma memória clara de você como tinha até certo tempo
atrás. Vejo seu sorriso por fotos mas já não me lembro do som da sua risada.
Leio suas coisas banais mas já não lembro dos tons da sua voz quando você me
fazia rir com alguma besteira ou quando pedia um abraço e deixava escorrer uma
lágrima no meu ombro sem nenhuma razão aparente. Reconheço seu corpo desnudo
nas imagens mas minha mão já não lembra mais o toque suave da sua naqueles
momentos que você estava do outro lado da mesa e nos tocávamos.
Eu na ânsia de
ir mais longe, você na paúra de ir adiante.
-
Não
quero que você me machuque – dizia você enquanto olhava para o copo.
E nesse
medo quase irracional, quase bem articulado, você nunca entendeu que toda a
minha intenção era justamente te machucar da melhor maneira possível. No limiar
tênue entre uma bela surra e o êxtase do prazer. Queria te machucar quando
mordesse seu ombro e subisse beijando-lhe o pescoço como um pedido de desculpas
que faria seu corpo todo tremer. Queria arder-lhe a anca com um tapa enquanto
acariciava a parte de trás da sua cabeça segurando seus cabelos com uma pressão
dominante. Queria, talvez, até sangrar-lhe levemente o lábio enquanto você me
sangrava as costas com suas unhas perfeitamente feitas para aquele momento.
Queria
machucar sua mente, quando lhe agarrasse por trás, apertasse seus seios e
sussurrasse no seu ouvido:
“Vou te
foder hoje como você deve ser fodida.”
E ali,
naquele momento, sua cabeça não saberia como reagir mas o que encontra-se no
meio das suas pernas já teria a resposta na ponta da minha língua. E quando
tudo acabasse e você entrasse no carro como mulher direita e independente
que você é, passaria a noite em
claro por que partes do seu corpo não conseguiriam dormir talvez nunca mais.
Mas você abraçaria o travesseiro, abriria um sorriso e dormiria com o medo de
que talvez agora, talvez nesse momento que eu já lhe possuí por inteira e já
conheço cada pedaço de você, por dentro e por fora, talvez agora eu parasse de
lhe gostar e lhe machucasse. Não lhe retribuísse aquilo que talvez – por que
nem você saberia – você quisesse me dar.
Mas no dia
seguinte nos veríamos e você teria a certeza de que tudo o que a gente teria
seria a diversão, o tesão, o prazer e os copos de cervejas combinados com
risadas quase loucas.
Mas já não
lembro mais de você e enquanto acabo essas linhas sobra apenas um vazio
dentro de mim. Sobra em mim apenas a sua ausência que deixa esse buraco ausente
de qualquer sensação palpável de você. Enquanto deixo esse último registro de
tudo o que poderíamos ter vivido mas você deixou passar por medo do amor, amor
que talvez nunca viéssemos a ter, não consigo nem mentalizar os prazeres que
teria com você. Escrevo para você, mas sem você. Escrevo com uma modelo mental
criada com recortes de fotografias sem valor nenhum que você tira na frente do
espelho urrando por elogios.
Repito.
Jamais
menti para ti e jamais mentirei.
Até mesmo quando perguntar o que eu sinto por
você, num futuro não muito distante, serei compelido a dizer “nada”.
Mas
deixando a certeza que poderia ser muita coisa.
2 comentários:
outa merda, luan. pirei rs
Puta merda, luan. pirei aqui rs
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